ATA DA TRIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 20.11.1990.

 


Aos vinte dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Sétima Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, dedicada a homenagear a Semana do Negro e o Dia Nacional da Consciência Negra. Às dezessete horas e vinte e nove minutos, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancadas que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Wilton Araújo, 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo neste ato; Vereador Adroaldo Correa, 3º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor José Alves Bittencourt, representando o Grupo Angola Genda; Senhor Edson Couto, representando a Frente Negra Progressista; Senhor Jaino Matias de Oliveira, Presidente da Sociedade Floresta Aurora; Senhor Raimundo Pinheiro da Silva, Presidente do Conselho da Associação Satélite Prontidão. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, manifestou seu profundo respeito à comunidade negra, lembrando a morte do grande líder negro Zumbi, comemorada no dia de hoje. Comentou acerca da discriminação racial, asseverando que esta luta não pode ser interrompida e instando para que a própria comunidade negra se mantenha unida. O Ver. Wilton Araújo, autor da proposição que homenageia a Semana do Negro e em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PTB e PL, lendo parte do poema “Punhos” de Paulo Ricardo de Moraes, asseverou que a luta do negro confunde-se, hoje, com a luta das minorias que são escravizadas pelo modelo econômico. Discorreu acerca do guerreiro Zumbi, herói de uma grande luta de libertação e defendeu a candidatura de Alceu Collares para o Governo do Estado, afirmando que o mesmo representa todos os grupos que por muito tempo foram impedidos de eleger seus representantes. O Ver. Adroaldo Correa, autor da proposição que homenageia o Dia Nacional da Consciência Negra e, em nome das Bancadas do PT, PSB, PFL e PDS, comentando sobre o significado das homenagens hoje prestadas, lembrou o líder negro Zumbi e os quatrocentos anos de escravidão. Referiu-se ao movimento que é maioria na sociedade, o qual busca romper com a discriminação racial, e citou Nelson Mandela, instando pela libertação e igualdade de todos. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Vera Triunfo, representando os Agentes da Pastoral Negra; ao Senhor Oliveira Silveira, representando a Associação Negra de Cultura; ao Senhor Anélio José da Cruz, representando o Grupo Lima Barreto; ao Senhor Edson Couto, representando a Frente Negra Progressista, que analisaram a história do negro no Brasil, ressaltando a discriminação ainda hoje existente e a importância da Sessão hoje realizada pela Casa, para homenagear a Semana do Negro e o Dia Nacional da Consciência Negra. Após, o Senhor Presidente registrou as presenças, em Plenário, dos Vereadores Artur Zanella, Clóvis Ilgenfritz, Ervino Besson, e de vários integrantes da luta contra a discriminação racial no País. Às dezoito horas e trinta e seis minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Wilton Araújo e Adroaldo Correa e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Damos por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene que visa homenagear a Semana do Negro e o Dia Nacional da Consciência Negra.

Concedemos a palavra ao primeiro orador, Ver. Lauro Hagemann, que falará pela Bancada do PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhores, Senhoras, eu não podia deixar de vir a esta tribuna nesta data e nesta Sessão em que se homenageia o dia da consciência negra, dentro das comemorações da “Semana do Negro”, deste ano de 1990, para manifestar, em nome do PCB, o nosso mais profundo respeito por este segmento da sociedade.

A data de hoje, 20 de novembro, é muito cara à comunidade negra, significa a morte do Zumbi, o guerrilheiro negro que tentou trazer para a incipiente sociedade brasileira a consciência da raça Africana, que veio contribuir com o seu esforço, com o seu trabalho, embora escravo, para o progresso deste País.

Hoje, decorridos quase três séculos daqueles acontecimentos, nós verificamos, com muita tristeza, que os ideais pelos quais se bateu Zumbi e seus Palmares não foram ainda totalmente atingidos. Isto significa que não só a sociedade negra, mas toda a sociedade brasileira tem um longo caminho a trilhar. Hoje, no mundo, se verifica uma exacerbação dos problemas de diferenças raciais e é interessante verificar que nem nas sociedades que já tiveram relativos avanços nas conquistas econômicas, este problema foi totalmente resolvido. Aqui se costuma dizer que a discriminação racial imposta à comunidade negra e a outras comunidades menores é em razão da diferença social, da diferença econômica, mas é interessante a gente verificar que em alguns países em que esta diferença econômica foi razoavelmente resolvida, ainda existem e persistem as perseguições às minorias étnicas de outras procedências. Isso significa que a humanidade ainda se encontra na pré-história, porque ainda há entre todas as sociedades do mundo aquele vezo de se escravizar o próximo em seu benefício, em benefício de quem o escraviza. É isso que a humanidade tem que superar. É um problema de educação, de formação cultural, de história, é um problema até psicológico, mas é preciso que todos nós nos convençamos que esta luta não pode ser interrompida e deixada de lado, ela tem que ser constante e todos nós devemos nos empenhar nela, a partir da própria comunidade negra. Em outras ocasiões, em outras datas comemorativas já tive ocasião de fazer este apelo: que a própria comunidade negra se mantenha unida em torno de princípios básicos, por menores que sejam, mas que sejam comuns a todos, porque qualquer divisão, qualquer fracionamento que houver na luta comum será sempre prejudicial ao movimento como um todo.

Eu quero me desculpar com os prezados companheiros pela exigüidade de tempo que disponho porque tenho um outro compromisso. Agradeço a condescendência da Mesa em me conceder a palavra em primeiro lugar e quero saudar fraternalmente os companheiros aqui presentes, dizendo-lhes que nós estamos sempre ao dispor da comunidade negra, das comunidades minoritárias da sociedade brasileira, para que todos nós tenhamos um destino comum e, naturalmente, para chegarmos a ele uma luta comum. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Com a palavra o Ver. Wilton Araújo proponente desta homenagem ao dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. Também, queremos marcar a promoção desta Câmara de Vereadores da Semana do Negro.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: (Lê.)

“‘Não adianta me darem a liberdade, /Se me tratam como escravo/ Não adianta me livrarem da chibata,/Se me batem com palavras.’

Senhoras e Senhores, meu amigos!

Este texto faz parte do poema Punhos, do companheiro Paulo Ricardo de Moraes e reflete uma realidade que todos nós conhecemos e lutamos para modificá-la. A luta do negro confunde-se, hoje, com a luta de todas as minorias que são escravizadas pelo modelo econômico, o capitalismo selvagem criado pelo colonizador branco.

Este 20 de novembro nos remete ao guerrilheiro Zumbi, guerrilheiro do Quilombo dos Palmares, herói de uma grande luta de libertação, assassinado pelas forças conservadoras, a mesma oligarquia que criminosamente, continua perseguindo e matando aqueles que se rebelam contra os privilégios.

Foi assim com Che Guevara, com Julio Cesar de Mello Pinto. Todos morreram por engano. Um criminoso engano que a história nunca conseguirá explicar. Todos morreram pela causa da igualdade, da fraternidade, da liberdade.

Palavras que a modernidade da branca civilização ocidental tenta riscar da nossa consciência. Este modismo pregado pelos povos do primeiro mundo, por suas castas que tentam a todo custo manter as regras internacionais da exploração.

E todas as lutas de libertação são olhadas com descaso por estes novos liberais, modernos capitalistas, que escondem sua selvageria em teorias econômicas já superadas no século passado.

A luta continua independente do grupo racial, da nacionalidade. Estamos mais do que nunca, juntos, na mesma trincheira, contra toda espécie de segregação. A começar pelos povos que têm fome, às milhares de crianças que não atingem o segundo ano de vida, às mulheres que sofrem discriminação de todos os tipos, aos homens que não têm direito ao salário digno.

Neste Dia Nacional da Consciência Negra, estamos irmanados com todas as minorias que, como nós, lutaram durante séculos em lutas de libertação que deixaram muitos heróis, mas, fundamentalmente, nos legaram força e coragem para prosseguir.

Neste momento nossa arma é o voto. A guerra é contra os representantes do autoritarismo desde 1964 até hoje, quando um presidente comanda o estranho concerto onde pagam mais os que ganham menos.

Vamos votar companheiros, contra Collor de Mello e seus representantes. Significa Collor de Mello, hoje, a face de todo este movimento internacional do capitalismo. Vamos eleger o primeiro governador negro da história do Rio Grande do Sul. Avançamos politicamente. Collares representa todas as categorias e grupos que durante muito tempo foram impedidos de eleger seus representantes. E, hoje, mais do que nunca, convocamos, este vai ser o marco inicial de algo que o movimento, que as lideranças, que todo o progresso e o avanço que o Estado desenvolve, este marco Collares, tem, e tenho certeza na consciência de todos nós, vai marcar muito forte. E tenho a certeza, como vocês têm certeza, que Zumbi não morreu! Muito obrigado.”

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa, que falará em nome de sua Bancada, o PT, e do PSB, PFL e PDS.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente desta Sessão, Ver. Wilton Araújo, e 2º Secretário; Sr. Anélio da Cruz, representando o Grupo Lima Barreto, um dos oradores; Sr. José Alves Bittencourt, do Grupo Angola Genda; Sr. Edson Couto, da Frente Negra Progressista; Sr. Jaino de Oliveira, Sociedade Floresta Aurora; Sr. Raimundo da Silva, Associação Satélite Prontidão, Srs. Vereadores, demais presentes.

Falo em nome da minha Bancada, PT, e autorizado pelas Bancadas do PSB, PFL e PDS. Obviamente, esta é uma Sessão que, junto com o Ver. Araújo, até porque tínhamos pedido que fosse à tarde, no período de Comunicações, no dia de hoje, trazemos uma visão do conceito que construímos dentro do PT, e do movimento social, a esta tribuna. E este conceito tem uma identidade com uma série de lutas sociais que se desenvolvem em nosso País, e que tem abrigo nas duas proposições que fizemos, eu e o Ver. Wilton Araújo, que acabou resultando nesta Sessão, neste horário, em função de unificarmos a homenagem à data da consciência negra, a homenagem a Zumbi, e a essência do que foi aprovado como a Semana Negra de Porto Alegre, pela Câmara de Vereadores, em função de que ela, a Câmara de Vereadores, propôs que se realizasse, ao menos um ato que marcasse esta nossa iniciativa e que cumprisse a lei que votou.

O 20 de novembro tem uma perspectiva histórica consagrada que é a do negro livre em oposição a uma data histórica repudiada pelo Movimento Negro que pretende o negro liberto pelo senhor. Esta é uma contradição que nós queremos ressaltar. O 20 de novembro é daqueles que sentem a necessidade do resgate da cidadania e da imposição dos seus direitos em nível de igualdade, sejam homens ou mulheres independente da cor da pele e da origem do sangue que nos corre nas veias e, portanto, o 20 de novembro de consciência e, portanto, de consciência sobre os 400 anos de escravidão que nos foram impostos, a brasileiros, independente de serem originários da África os seus ancestrais ou aqui miscigenados. É da consciência dos negros e daqueles que têm a consciência de negritude que este é um movimento da maioria dos brasileiros em função de que principalmente entre os trabalhadores somos, sim, a maioria. Somos a maioria expressiva entre os trabalhadores pobres, por exemplo, entre os pobres sem direito a emprego, educação, a um sistema de saúde digno; sem direito à moradia, sem direito, inclusive, aos comezinhos direitos que qualquer cidadão, mesmo que independa da condição de origem, de raça ou de miscigenação tem hoje em nosso País, apenas não sendo negro.

Acreditamos que o dia que gera a consciência que nós não somos minoria, somos maioria, reconhecida inclusive internacionalmente por estudos da própria Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO –, em torno de 70% da população brasileira, de não-brancos, de não-índios, não originados na raça amarela, somos um movimento de maioria na sociedade. E, notadamente, no prolongamento da História, ainda esta maioria, seja a do conjunto dos trabalhadores, de expressiva e esmagadora maioria negra, buscamos a conquista da unidade. Da unidade em função de estarmos procurando, como os demais trabalhadores, independente de cor, raça, sexo, a sociedade que rompa com o preconceito e que rompa com a exploração do trabalho. Esta unidade em busca de uma sociedade justa, não mais justa, não melhor, mas de uma sociedade que não vai apenas minorar as dificuldades, mas resolver as contradições, uma sociedade que, no nosso entendimento, é capaz de unificar o conjunto das pequenas, grandes ações que os grupos individualmente realizem. A própria representação aqui neste ato, tanto de partidos que têm adesão a esta solenidade, como grupos diferenciados no município, como Porto Alegre, mostra e exige ações comunitárias do ponto de vista de que se organizam as diversas posições, ou em partidos diferentes, ou em agrupamentos coletivos de trabalho pela cultura, pela luta social também diferenciada.

As frentes, os grupos unitários que se buscam constituir são saudadas do ponto de vista de resgatar este conceito, na medida em que esta maioria se transforme, enquanto dirigente social que é legitimamente e que por direito deve ser, aquela que governe os destinos desta nação de maioria negra. Aí podemos citar a figura de Nelson Mandela recentemente homenageado por esta Câmara por um projeto do Ver. Clovis Ilgenfritz e anteriormente pelo Ver. Lauro Hagemann, como Cidadão Emérito e de Porto Alegre em projetos de unidade com as raízes que todos buscamos resgatar e também de luta que Nelson Mandela representa, desde o cárcere, para o povo africano.

Nosso entendimento que busca constituir não só o conceito, mas a ação em torno deste conceito num movimento social é de que não se dará a completa libertação do trabalho e sua hegemonia na sociedade sem que se leve em conjunto a luta de setores estigmatizados na sociedade como os que são tratados como minoria e apenas por estarem excluídos do poder assim o são, porque maioria são devidamente, sem que isso se resolva na mesma caminhada. Não se fará libertação social do trabalho sem que se liberte a mulher de sua condição de exploração e opressão, discriminação e o negro da sua condição de pessoa atribuída pelo poder de segunda classe. Esse conceito para nós é caro, a militância em torno desse conceito - é já foram diversos os exemplos na história, mesmo em Porto Alegre e nacionalmente - consegue produzir a unidade e avançar patamares de consciência entre os diversos ativistas dos diversos grupos sociais, seja no Município, seja no Estado, seja a nível nacional.

Era isso que queríamos dizer, saudando, na bravura do gesto do maior líder reconhecido pela raça negra, Zumbi, mas também na consciência atual sobre esse gesto, na busca pela libertação, da não-concordância com a carta de alforria doada pelo senhor, que o dia 20 de novembro marca; é como uma oposição, uma contradição, até, entre o ato desde o poder e a busca da constituição da consciência para assumir o poder que o Partido dos Trabalhadores saúda, nesta data, em função de que ela é o próprio germe da consciência e do trabalho voluntário pela libertação e pela igualdade de todos os trabalhadores e, portanto, com um matiz, desde o primeiro momento, nesta luta, da questão racial e da questão da discriminação da mulher ser resolvida nesta caminhada. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença dos Vereadores Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Ervino Besson, e também da Srª Maria do Carmo Reis, da Comissão Executiva do Coletivo Estadual dos Negros e Índios; Sr. Paulo de Tarso da Silva Soares, Vice-Presidente do Sindicato dos Municipários; representante do Centro Espírita de Umbanda Luz e Caridade, Sr. Lauro Dutra Rodrigues; Sr. Nelson Santana Vieira que representa aqui o candidato a Governador, Dr. Alceu Collares.

Com a palavra a Srª Vera Triunfo, que representa os agentes da Pastoral Negra.

 

A SRA. VERA TRIUNFO: Uma boa tarde, antes de representar os Agentes da Pastoral Negros, sou Secretária do Conselho Geral Memorial Zumbi e estou impossibilitada de estar lá na Serra da Barriga por problemas particulares, mas conversei com o Sr. Presidente Abdis Nascimento, e ele manda um abraço fraterno a todas as pessoas que estão presente nesta reunião.

Ao mesmo tempo gostaria de dizer aos Senhores que estou coordenando lá na Secretaria de Educação o Projeto Negro Educação. É em função deste Projeto que gostaria de falar, deixar mensagens da comunidade negra e um pedido em nome dos Agentes Pastoral Negros, do Coletivo Estadual de Negros e Índios e um pedido em nome da comunidade negra. Sei que aqui tem vários Vereadores presentes. Este trabalho, a questão do negro nas salas de aula é extremamente difícil. Hoje é o 20 de novembro, o dia que se comemora a morte de Zumbi, que deu a sua vida pela causa negra; é por isso que venho refletir com os Senhores. É um trabalho muito difícil se querer colocar a questão dos negros nos bancos escolares, para que a história do negro também chegue aos bancos escolares das escolas do Município de Porto Alegre, onde estão a grande maioria das crianças negras, que têm baixa auto-estima, porque não conhecem o seu passado, conhecem a dos brancos, e justamente porque não conhecem que essas crianças não se gostam. Se nós brasileiros queremos realmente conhecer a história do povo brasileiro, teremos que rever essa história e contar a história do povo negro, porque o povo branco não estava na história, e só sabemos a história dos generais vitoriosos, através dos livros de História, e no dia em que mostrarmos isso, teremos que mudar o nome das ruas em Porto Alegre, vai ter que ser mudado o nome da Av. Princesa Isabel, e não teremos mais a Rua Duque de Caxias, e tantos outros, que colocaram nos nossos livros, que são heróis, e isso é mentira, eles massacraram o povo negro, tanto um quanto o outro.

Gostaria de fazer um apelo aos Vereadores da minha cidade, seja do PT, PDT, PSB ou qualquer partido presente, precisamos colocar nos bancos escolares, escolas do Município, a história do negro, e espero que, a partir desse momento, os Srs. Vereadores sejam nossos aliados para que isso aconteça, e se isso acontecer, nós estaremos iniciando um processo de transformação da sociedade, porque, até agora, só temos 5% dos negros conscientes da realidade da história do negro. Por isso, vamos começar as mudanças. Muito abrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao Professor Oliveira Silveira, Presidente da Associação Negra da Cultura.

 

O SR. OLIVEIRA SILVEIRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e demais componentes da Mesa; companheiros presentes. Em primeiro lugar, em nome da Associação Negra de Cultura e demais grupos que estão promovendo o Encontro de Cultura Negra, gostaria de convidar a todos para que prestigiassem a nossa promoção que está ocorrendo na sua primeira parte: Feira de Cultura Negra, na Casa de Cultura Mário Quintana a partir de hoje e estendendo-se até sábado. Na segunda parte se desenvolverá na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul de 26 a 30, Concurso sobre o Negro no Rio Grande do Sul, que espero seja oportuno até no sentido de contribuir para a colocação de conteúdos relativos à história do negro gaúcho nos bancos escolares, na linha em que falou a companheira que me antecedeu, Professora Vera Triunfo.

O Movimento Negro e a Associação têm se feito não só presente, mas participante da Semana do Negro, e foi assim quando as duas primeiras oportunidades em que ocorreu esta semana plenamente em 1986 e 1987, os grupos do Movimento Negro contribuíram com a sua arte, com o seu discurso, com a sua ação, aliando-se ao Executivo e ao Legislativo. Nas três Sessões Solenes ocorridas ultimamente, em 1988, 1989 e na presente 1990, aqui está o Movimento também com a sua presença e expectativas.

Finalizando, gostaria de ler uma nota da Associação Negra de Cultura que fala por si só, trazendo para esta Casa dados a respeito de um pleito antigo que a Associação defende em nome do Movimento Negro por quem foi indicada e em nome da comunidade negra de Porto Alegre. (Lê.):

“Nota Informativa

A Associação Negra de Cultura foi fundada em 1987 por iniciativa do movimento negro de Porto Alegre. Vários grupos discutiram a aprovaram seus princípios e estatuto. Em 1988, já com personalidade jurídica, foi indicada por uma comissão representativa do MN para receber a doação de dois lotes da municipalidade conquistados junto à Administração Alceu Collares. A doação dos lotes, sitos na Av. Azenha, ficou para ser resolvida no governo da Frente Popular e ainda não se concretizou. A reivindicação foi atingida pela disposição inicial da Frente de não fazer doações e pelas mudanças da nova Lei Orgânica do Município. Além disso, a área proposta está sendo reduzida a apenas um lote, como constou no projeto enviado à Câmara Municipal pelo Executivo em agosto último. A Associação continua tentando junto ao Prefeito Olívio Dutra - que tem se mostrado receptivo - conseguir a manutenção das duas áreas conquistadas. Vale ressaltar que o que pôs em risco um dos dois lotes foi um erro de interpretação da Assessoria do Prefeito. Erro que fica bem caracterizado pela leitura do processo e especialmente da correspondência da Associação inserida nesse expediente.

Abre-se agora uma oportunidade de correção com o reexame do projeto, que voltou recentemente ao Executivo. Assim, no transcurso de mais um 20 de novembro (Palmares) e da Semana do Negro instituída pela Câmara em 1986, a Associação conta com a sensibilidade dos Poderes Municipais e espera que o outro lote seja reincorporado ao projeto e que este seja aprovado pelo Legislativo Porto-Alegrense, assegurando-se a integridade da valiosa conquista do movimento negro. Isso dará melhores condições para o trabalho comunitário de médio e longo prazos idealizado pela Associação Negra de Cultura.

Porto Alegre, 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, 1990.”

 

“Associação Negra de Cultura

Espaço físico: luta prioritária. O Movimento Negro não tem teto em Porto Alegre.

Oito de dezembro: aniversário da Associação - três anos de trabalho.

Evocação do 20 de novembro: iniciativa do Grupo Palmares de Porto Alegre a partir de 1971.

Denominação Dia Nacional da Consciência Negra: proposta do Movimento Negro Unificado - MNU - de São Paulo e Rio de Janeiro em 1978.

Relatórios da Associação e detalhamento da questão terrenos: boletim nº 2 da entidade, editado em setembro/1990.”

 

O SR. PRESIDENTE: Representando o Grupo Lima Barreto, com a palavra o Sr. Anélio José da Cruz.

 

O SR. ANÉLIO JOSÉ DA CRUZ: Sr. Presidente e nobres Vereadores, esta é a terceira ou quarta vez que esta Casa se digna a patrocinar o Dia da Consciência Negra. Grato aos nobres Vereadores e aos funcionários desta Casa que prestam a sua colaboração para que nós possamos expor os nossos pontos de vista.

Abordarei dois temas, Sr. Presidente: Conselho do Negro e Fascismo, Nazismo e Sionismo. O espetáculo da Feira do Livro em que uma proeminente figura negra saiu em defesa de uma comunidade rica, próspera e poderosa, no que diz respeito a apreensão dos livros, não tem mister na história. O Sionismo não precisa que ninguém vá ao seu encontro, defendendo. O Nazismo, o Sionismo e o Fascismo não diferem em nada no mundo, são filosofias de vida que têm voltado para si princípios filosóficos, religioso e cultural que defendem tão-somente os seus interesses. O povo negro brasileiro nunca foi assistido por nenhuma destas ideologias políticas. Lamento profundamente que o Dr. Barbosa tenha atestado aquela entrevista. Custo a acreditar que ele tenha feito aquilo. Mas, o Grupo Lima Barreto, após fazer uma análise da entrevista, priorizamos para o 20 de novembro levar ao conhecimento de V. Exas e da comunidade negra. Não precisamos da defesa do Sionismo, porque o Sionismo nunca nos estendeu as mãos para nada. Por que o Dr. Barbosa vai defender o Sionismo? O Sionismo não defende ninguém. O Sionismo defende o quê? Defende os seus interesses matando palestinos todos os dias. E alguém reclama? Não, porque os veículos de comunicação de massa, escrito, falado, televisionado estão nas mãos dos sionistas internacionais. Isto tem que ficar bem claro, alto e cristalino. Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, como de resto praticamente em todas as três Américas, o Sionismo tem em suas mãos os veículos de comunicação de massa, escrito, falado e televisionado. Eu meditei muito para fazer esta colocação nesta Casa, para não dizer besteira. O Dr. Barbosa falou em censura. Pessoas proeminentes desta Cidade falaram em censura. Não é bem por aí, Sr. Presidente e nobres Vereadores. Será, nobres Vereadores, que o Sr. Iasser Arafat que disse que requisitasse os canais de televisão do Estado de Israel, dariam para ele para defender os palestinos? Seria também censura.

Então, não é bem por aí como o Dr. Barbosa colocou. Censura por censura a briga é entre o Sionismo, o Nazismo e o Fascismo e a comunidade negra tem que ficar à margem desta disputa. Nada nos choca. Nós não temos absolutamente nada que ver com esta briga que vai ser secular entre Nazismo e Fascismo. Quem matou seis milhões de judeus não foram os negros, foi o Nazismo. Quem está matando palestinos são os sionistas. Então, nós que somos negros, que somos 75% da população brasileira, não temos que nos envolver com uma briga de uma filosofia de vida, política, econômica e social que não nos diz respeito, porque os únicos filhos malditos desta terra somos nós que não somos imigrantes, somos escravos, eternos e seculares.

Segundo ponto, Sr. Presidente: é com tristeza que tomando conhecimento deste documento que é a nomeação do Conselho do Negro, não sei se é de conhecimento dos nobres Vereadores, o então Governador Pedro Simon elaborou um documento que foi sacramentado pelo atual Governador do Estado, Dr. Sinval Guazelli. Tempos atrás, dezesseis entidades negras reuniram-se constantemente na Sala Rui Ramos na Assembléia Legislativa, onde um pombo correio, que não o chamo assim, mas o chamo de urubu, queria de qualquer maneira levar ao Governador Pedro Simon a aquiescência de dezesseis entidades negras, para que ele nomeasse o Conselho do Negro, a exemplo de São Paulo, quando o Sr. Franco Montoro nomeou o Conselho do Negro com a aquiescência daqueles negros ricos de São Paulo e que passaram a ter uma infra-estrutura maravilhosa, contrariando uma diretriz do Movimento Negro Unificado. Ele, a nível nacional, repudiou naquela oportunidade o oportunismo dos negros filiados ao PMDB que lotaram na devida oportunidade o auditório da Caixa Econômica Federal, em Brasília, hipotecando solidariedade ao Presidente Sarney.

Eu, o Jornalista Paulo Ricardo de Moraes e o Professor Guarani as nossas expensas pegamos o avião e fomos ao Rio e Brasília e a caro custo podemos falar um minuto porque não nos deixaram falar mais. Era o atrelismo do negro colaboracionista ao sistema minoritário dominante. Nós temos que fazer esta crítica na presença de todos nesta Casa, porque têm coisas que estão chegando aqui agora e que só neste dia, Dia da Consciência Negra, é que o Grupo Lima Barreto tem condições de se manifestar e trazer o seu repúdio. O grupo minoritário dominante, é do conhecimento de V. Exas todas, representa tão-somente 5% da população brasileira e é detentor de todo poder econômico de todo este País continente. Então, aquele negro que está atrelado ao sistema, ele torpedeia toda nossa iniciativa. Nós temos um anteparo na nossa frente, antes mesmo de avançarmos, que é o próprio negro que está atrelado, colaborando com o branco minoritário dominante. Isto para mim está bem claro: muitas pessoas nem gostam de falar comigo, mas as minhas posições são assim.

Está aqui neste documento, o Presidente do Conselho do Negro, nomeado pelo hoje Senador Pedro Simon e pelo atual Governador Sinval Guazelli, o Presidente do Conselho é o Governador do Rio Grande do Sul e o Vice-Presidente é o Vice-Governador. Defendo a tese de que nenhum homem público homem branco, neste Estado, sendo branco, tem o direito de nomear representante nosso. Quem tem o direito de escolher os representantes, seja em que instância for, somos nós, que somos negros! Branco nenhum tem o direito de dizer que pode escolher os nossos representantes, nenhum, por mais ilustre que seja, porque a partir dessa premissa qualquer governante terá o direito de ir para o Congresso Nacional Africano e presidir uma reunião ao lado do Sr. Nelson Mandela! Se fosse assim, o branco, aqui no Rio Grande do Sul, poderia nomear o conselho da comunidade judaica, ou da comunidade italiana, ou da comunidade alemã!

Há, Sr. Presidente, um tremendo equívoco no que diz respeito a esse documento que aqui está e que tem força de lei. Faço um patético apelo, que se eleito, Alceu Collares, de imediato, baixe um decreto, uma portaria, uma norma de serviço, visando a dissolução desse grupo espúrio que foi nomeado. Mesmo ele, se for eleito, sendo negro não tem o direito de ser o Presidente do Conselho porque criaria uma situação de constrangimento termos que discutir uma problemática na frente do Governador. Essa é a posição do grupo político Lima Barreto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças, que muito honram esta Casa, do Sr. Luiz Gonçalves de Azevedo e do Sr. Adroaldo Fontoura, que representam Wilson Ávila, do Templo do Sol; do Sr. Édson Couto, que representa a Frente Negra Progressista, que está com a palavra.

 

O SR. ÉDSON COUTO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e demais presentes nesta solenidade. É nesta oportunidade em que fazemos uso da palavra que as lembranças afloram e trazem à nossa frente, como num replay os momentos de lutas e de felicidades. Felicidade porque já nascemos com uma bandeira extraordinária de luta. Assim, a Frente Negra, que representamos, neste ato, nesta Sessão, elevamos a nossa voz para dizer que temos um histórico extraordinário de lutas e que precisa ser de seu conhecimento. A companheira Vera já disse, precisamos de que a nossa história seja contada nos bancos escolares; o companheiro Anélio reclama, de algo, da constituição errônea do nosso Conselho Representativo. Mas, o que isso significa: que nós estamos trabalhando, que estamos buscando, que não estamos inertes, que estamos movendo-nos em busca do nosso extraordinário e grande destino.

Gostaria, aqui, de fazer uma menção à Frente Negra Progressista Gaúcha, hoje ampla, porque conta com a elaboração de nosso último documento com os companheiros do PT, do PCB, do PSB, do Grupo Quilombista, queremos fazer uma menção à luta desta Frente, esta Frente se compôs com o objetivo específico de eleger o companheiro Collares ao Governo do Estado. Esta frente tem um objetivo, se diz muito que o negro padece de um mal incurável que é a incompetência. Nós, aqui, não concordamos com esta tese, sabemos sim que o negro padece sim de uma carência afetiva muito grande, nós que sempre fomos vergastados, nós que sempre fomos caluniados e machucados, estamos aqui neste 20 de novembro para oferecer a outra face, não para continuarmos sendo caluniados, nós estamos aqui oferecendo a outra face para sermos beijados, beijados sim, porque com o nosso sangue, com a nossa luta, com o nosso trabalho estamos construindo um país continente extraordinário, chamado Brasil. Assim, em nome desta Frente Negra que se compõe e que o objetivo principal é demonstrar a todas as lideranças que nós podemos nos unir, que não podemos ter outro caminho que não seja o caminho da união; que esta Frente Negra Progressista é suprapartidária, que ela está acima dos Partidos e convicções, mas em prol do destino de uma raça extraordinária que só tem feito trabalhar, lutar e construir em prol agora do surgimento de uma não quase destruída por pessoas assassinas podemos dizer incompetentes, por que esta doença que graça este País, esta incompetência generalizada, este câncer maldito está nos levando à fome, à miséria, e eu pergunto: quem são os responsáveis por milhões e milhões de crianças mortas, quem são os responsáveis? Quem são os responsáveis por nossa velhice abandonada? Quem são os responsáveis pelos nossos velhos abandonados? Quem são os responsáveis por esta situação extraordinária de abandono dos nossos menores que aí estão nas ruas, nas esquinas, lutando pelo pão de cada dia, escorraçados, como cães sarnentos?

Assim, companheiros, fazemos este tópico emotivo, uma coisa que já vem há anos nesta garganta, eu quero dizer que esta Frente composta pelo PDT, pelo PC do B e pelo PSDB procurou se organizar e em paralelo com esses trabalhos que procuram levar Collares ao Palácio Piratini fomos palmilhando passa a passo em busca de um grande sonho nosso que é debater a diáspora a que estamos submetidos no mundo e criarmos uma palavra chave. Esta palavra chave que nos levará daqui pra frente na nossa grande caminhada. Esta palavra chave é conhecida de todos vocês. Esta palavra é reunião. Nós temos que nos reunir. Portanto, a partir de hoje, é a nossa palavra de ordem. Criamos condições para elaborar uma carta em Santa Maria, que pretendemos seja a mesma que foi elaborada com a colaboração da presidência do Partido e de diversos colaboradores nos reunimos na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM -e elaboramos esta carta que trago ao seu conhecimento. Diz o seguinte: (Lê.)

“Frente Negra Progressista Gaúcha – Collares Governador

1º Simpósio da Política de Integração da Cultura Popular

Santa Maria, 26 de agosto de 1990.

Ilmos Srs. Candidatos Majoritários da Frente Progressista Gaúcha

Assunto: Carta de Santa Maria

A Frente Negra Progressista Gaúcha, durante o 1º Simpósio da política de integração da cultura popular, realizado no dia 26 de agosto de 1990, em Santa Maria, aprovou que a História da Cultura Negra, que faz parte da cultura popular brasileira, seja obrigatoriamente introduzia nos Sistemas Didáticos Pedagógicos da rede educacional do Estado e que sua coordenação e aplicação sejam conduzidas por militantes que ao longo da trajetória do Movimento Negro tenham trabalho de base de reconhecida competência.

- Entendendo o momento histórico que representa a condução de um representante da comunidade negra ao mais alto cargo do Estado.

- Entendendo que ao assumir o governo do Estado tenha um solene compromisso com as causas do povo negro.

- Entendendo que ao longo da nossa história nos foi sonegado pela totalidade dos governantes os nossos direitos de participação nos benefícios que ajudamos gerar como o nosso trabalho, suor e sangue.

Encaminhamos o presente documento como mais uma das formas de contribuição e de efetiva participação na luta que hora se trava para conduzi-lo à vitória.

Atenciosamente

Comissão Executiva da Frente Negra Progressista Gaúcha.”

Assim, senhores, creio estar cumprindo nesta tribuna o que nos propusemos. Pedimos a Deus que ilumine esta Casa, muito bem representada pelo companheiro Wilton; que ilumine o nosso futuro Governador Collares; que ilumine todas as nossas lideranças para que, mais uma vez, o negro demonstre a sua capacidade construtiva neste País. Nós vamos nos reunir com todas as lideranças, sejam brancas, amarelas, negras, seja a cor que for, vamos nos reunir e vamos construir, neste Brasil, o mais extraordinário País e a mais alta demonstração de competência das pessoas que aqui vivem. Assim seja! (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós ao encerrarmos a presente Sessão agradecemos as ilustres presenças das entidades aqui representadas, os movimentos aqui representados, dizer que esta Semana do Negro criada há bastante tempo, em 1986, vem, paulatinamente, progressivamente, sendo assumida, sendo ocupado este espaço. O espaço que é da comunidade negra. Este espaço a cada ano que passa nós estamos conseguindo trazer, não para a Câmara, mas a idéia de integrar a Câmara e fazer dela uma vitrine bem grande, do tamanho da Câmara para que a comunidade possa assumir este espaço. Vejo, com satisfação que isto vem acontecendo. Mas deixo aqui a nossa inconformidade com o pequeno ato que conseguimos realizar todos os anos. Eu acho que nós somos capazes de mais. Nós temos mais força. Nós temos que ocupar este espaço com mais competência.

Então, deixo esta indagação. Hoje encerramos mais uma Semana do Negro. Esperamos que não só na Semana do Negro, pois esta luta é quotidiana, é diária, mas que a próxima Semana do Negro possa ser de tal forma melhor aproveitada, unida com todos os movimentos, que ela então vai conseguir chegar àquilo que foi a nossa proposta, em 1986, a ocupação de cada milímetro do espaço que a comunidade negra tem e deve. Aos senhores, a presença, ao carinho e a fraternidade com que sempre acolhem o nosso convite, ao Ver. Adroaldo Corrêa que neste ano assinamos juntos o Requerimento para que esta Sessão de hoje saísse, fosse aprovada pelo Plenário, mostra um avanço na medida em que nós estamos conquistando novos e melhores rumos. Encerramos e vamos sem dúvida nenhuma trazer uma Semana do Negro e um Dia Nacional da Consciência Negra, marcar este dia com mais força, com mais veemência, com mais vontade. Sou grato.

Encerramos os trabalhos da presente Sessão Solene, agradecendo a presença de todos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h36min.)

 

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